Autor: luiza 16.12.23

As Perseguições de Glen Powell

BUSTLE (15.12.2023) – Faz mais de 24 horas que o Spotify Wrapped saiu, e Glen Powell parece ser a única pessoa no planeta que ainda não abriu o seu. Em sua defesa, ele teve algumas obrigações que foram prioridade em cima de olhar a fotografias personalizadas de seu gosto musical: celebrar as festas de final de ano (na festa #Slivmas de sua amiga, Paris Hilton, ontem à noite), filmar a sequência de “Twister” (para a qual ele viaja para Oklahoma amanhã), e promover seu mais novo filme, “Anyone But You” (através de sessões de fotos como o que iremos fazer hoje). Mas porque Powell é conhecido por ser educado, entusiasmado de forma contagiante, e um auto declarado “people pleaser”, ele está disposto a passar pelo ritual íntimo na minha frente. 

 

Sentado em uma casa alugada no Laurel Canyon – com paredes cheias de vinil, tapetes orientais vintage, e vigas de madeira imponentes – Powell pega seu telefone. Quando a apresentação de slides começa a carregar, eu adivinho o que os dados da música que Powell escuta irão revelar. O ator, 35, é um nativo orgulho de Austin e um fanático pelos Texas Longhorns. Ele também é um nerd da escrita e do cinema, que instantaneamente reconhece o filme menos conhecido de Ford Coppola, “Rumble Fish”, quando aparece no fundo do ensaio fotográfico. Um cara cheio de alma e introspectivo que não tem medo de dizer coisas como, “O mais velho eu fico, mais olho para os meus pais com admiração sobre o fato de que é muito difícil o amor sobreviver por mais de 40 anos nesse mundo.” 

 

Então, talvez Zach Bryan seja o número 1? Ou ele irá me encantar com um pouco de Lucinda Williams e Emmylou Harris? Bem, a primeira música a aparecer é “Unwritten”, de Natasha Bedingfield. Também conhecida como a música tema de “The Hills.”

 

“Eu precisei aprender a letra inteira para ‘Anyone But You,’” Powell insite enquanto a música toca alto de seu telefone. (Eu posso confirmar que é uma das melhores partes do filme) “Ai meu Deus, isso seria realmente vergonhoso se não fosse.” 

 

A exposição a músicas leves e alto astral são um dos perigos de ser o atual Cara-Das-Comédias-Românticas da América. Sua grande chance foi em “Set It Up”, o filme da Netflix de 2018 que inspirou inúmeros artigos sobre como as rom-coms estavam de volta depois de uma longa seca. Depois disso, Powell foi escalado em “Top Gun: Maverick”, que inspirou inúmeros artigos sobre como Hollywood estava de volta após a pandemia. Agora, ele está em “Anyone But You,” uma versão moderna de “Much Ado About Nothing”, que estreia dia 22 de dezembro [nos Estados Unidos]. Co-estrelando Sydney Sweeney, com quem rapidamente houveram rumores de que ele estava namorando (ele não está), é um clássico “enemies-to-lovers” que vê os dois arqui-inimigos se reunindo num casamento, onde eles fingem ser um casal. 

 

Mas você não verá Powell falando mal das comédias românticas, como o ator Jacob Elordi, de “The Kissing Booth” fez recentemente. Isso é, parcialmente, porque Powell é um estudioso do gênero. Ele cresceu assistindo “The Wedding Singer” com suas duas irmãs, que zombavam dele por ter o mesmo nome que o vilão do filme, Glenn Guglia. (“Quando você olha os filmes, Glens são sempre os babacas ou os vizinhos estranhos. Eu fico tipo, ‘Caramba, cara’”) Um de seus primeiros trabalhos na indústria foi trabalhar para uma das mulheres mais bem sucedidas de Hollywood, Lynda Obst, que foi responsável por “Flashdance”, “Sleepless in Seattle”, e “How To Lose a Guy in 10 Days.” Ele começou como seu estagiário, então foi promovido a leitor de roteiros, onde ele providenciava feedbacks nas muitas, e muitas rom-coms que apareciam na mesa dela. Ele se tornou um estudante do sistema de Hollywood, entendendo o que fazia um bom roteiro e o que ele tinha a oferecer a um. 

 

Então, anos depois, quando ele descobriu uma rom-com que tinha todos os requisitos, ele não se importou que o Washington Post tivesse recentemente declarado, “As comédias românticas estão mortas. Que bom.” Ele deu seu tudo para conseguir o papel do protagonista em “Set It Up.” (O filme também foi a grande chance da roteirista Katie Silberman, que depois se tornou a roteirista de confiança da Olivia Wilde. Powell e Silverman ainda são próximos. “Eu conversei com ela ontem à noite,” ele diz.)

 

“Eu corri tanto atrás de “Set It Up.” Eu estava trabalhando com os mesmos produtores em um filme chamado “Sand Castle,” mas eles não conseguiam me ver no papel [porque] acho que ninguém na minha vida me resumiria a um idiota. Eu tento tratar as pessoas bem.” O assistente-executivo de Powell, Charlie, tinha que ser confiante o bastante para representar seu chefe super poderoso e capitalista, mas bondoso o suficiente para ser um companheiro bom o suficiente para Harper (Zoey Deutch), uma assistente muito mais sincera. Powell diz que a agressividade que ele traz ao set compensa a disposição: “Como um ator, eu sou o melhor com o pé pra frente e acho que isso às vezes parece meio babaquice na tela.” Enquanto isso, a doçura natural de Powell é o que te faz torcer por Hangman, seu personagem de “Maverick”, apesar de sua babaquice. 

 

“Eu sempre gostei de personagens masculinos que levavam um soco, se levantavam, sangravam, e ainda assim lutavam. Eu sempre achei que personagens que eu gostava não eram necessariamente os mais machões na tela, mas caras como Harrison Ford e Kurt Russel,” diz Powell, cuja filmografia é recheada de militares, incluindo John Glenn em “Hidden Figures”. (Um raro, bom Glen.) Enquanto fazia aquele filme, Powell diz, “Eu fui a um jogo de baseball com Kevin Costner. Ele me disse, ‘Escolha seus papeis com cuidado, porque no final do dia, às vezes as pessoas não conseguem diferenciar entre quem você é na tela e fora dela. Então, garanta que essas duas coisas se alinhem da maneira mais certa possível.” 

 

O magnetismo de Powell não é o que um chamaria de “sem esforço.” Seu charme é obstinado e merecido; está no cuidado e esforço que ele coloca em todas as partes de sua vida. Está ali no jeito que ele agrada todo mundo no set falando com eles sobre seus Spotify Wrappeds, no trabalho claro que ele coloca em seu tanquinho, e em sua perseguição de 20 anos a esse momento. “Hollywood, para algumas pessoas, entrega tudo,” Powell diz. Ele menciona Charlize Theron, sendo descoberta por um agente enquanto discutia com um funcionário do banco. “Não foi o meu caminho. Eu tive que lutar um pouco mais e mais duro do que isso.” 

 

Ao lado de Powell nessa jornada, estavam seus pais, a quem ele é próximo. Seu pai, Glen Powell Sr., se lembra da montanha russa de emoções que ele e a mãe de Powell, Cindy, sentiram quando seu filho perdeu o papel de Rooster em “Maverick” para Miles Teller, e então se viu na briga por outro papel no projeto. Eles estavam dirigindo para o Glacier National Park, numa viagem de aniversário de casamento, e falando com Glen no telefone quando ele recebeu a notícia. “Ele disse, ‘Tom [Cruise] está ligando. Preciso atender.’” Mas Glen Sr. e Cindy estavam próximos de perder o sinal de telefone. “Então paramos na estrada e achamos um lugar antes de chegarmos ao Canadá e sentamos na beira da estrada por cerca de uma hora,” diz Powell Sr. “Então, ele nos ligou e disse, ‘Eu vou fazer ‘Top Gun!’ Quero dizer, literalmente, estávamos na beira da estrada e nos preocupando, mas você nunca deixa de ser um pai.” 

 

John Stamos, que ficou amigo de Powell depois de filmarem uma cena no chuveiro juntos em “Scream Queens” em 2015, diz que Powell também teve muitos torcedores na indústria. “Nós ficamos meio que todos, esse cara vai ser a maior estrela. Demorou um pouco, e então ele fez “Top Gun” e pensamos, ‘Ah, ótimo.” Mas “Top Gun: Maverick” começou a filmar em 2018; demoraram mais 4 anos para o filme ser lançado. “Começou a ficar meio, ‘Ah, merd*, estávamos errados sobre esse cara? Não podemos. Ele talentoso para c*ralho. Ele é bonito demais. Ele é legal demais.’ E estou feliz de ver que não estávamos.” 

 

Quando Stamos levou sua família em uma viagem para o rancho da família Powell no Texas, ele aprendeu que Powell leva dar festas tão a sério quanto sua carreira. “Todos os dias, tinha alguma festa temática com 20, 25 pessoas, e quando chegamos lá era o dia dos anos 80. Eu pensei, ‘Eu sou a porr* dos anos 80. Por que tenho que me vestir?’ Mas, de qualquer forma, estamos nesse pier em um lago e o cara chega, me derruba e me joga na água. Eu fiquei tipo, ‘por que?’ E ele falou, ‘Bem-vindo ao Texas.’ Eu fiquei tipo, ‘Vá achar meus óculos escuros.’”

 

De volta ao Laurel Canyon, Powell e eu estamos andando pelo quintal, para cima em uma escadaria esculpida na montanha, para o estúdio de música da casa. Elas são traiçoeiras para uma repórter usando mocassins de salto alto, e ele parte para a ação analisando o terreno, então indo para trás de mim, me dizendo qual a melhor rota. Mais tarde, quando ele me encontra na rua parada perto demais de um caminhão varredor, ele gentilmente me toca no ombro e me fala para me juntar a ele novamente na calçada. Nenhum desses gestos parece ser condescendente ou para se mostrar. 

 

Powell, que terminou com sua namorada de longa data, Gigi Paris, na última primavera, se torna levemente melancólico falando sobre relacionamentos. Ele está aproveitando vários dos frutos do que ele chama ter sido “implacável até esse ponto da minha carreira.” Particularmente, agora que ele pode escrever seus próprios projetos, como “Hit Man”, que ele co-escreveu com Richard Linklater, e estrela o filme, desde o começo. Mas ele parece um pouco o Drake em seu mais deprimido quando elabora sobre o quão solitário é ser solteiro e famoso. “Eu estive falando com algumas pessoas na minha vida e eles ficam tipo, ‘Glen, você é um cara solteiro. Eu sei que você está tentando fazer todas as coisas certas da forma certa, mas você precisa abraçar o fato de que todas essas falhas serão um pouco mais públicas, um pouco mais dolorosas, do que para a maior parte das pessoas, talvez um pouco mais vergonhosas, mas está tudo bem. Quando você se apaixonar, e você inevitavelmente irá se apaixonar, vai funcionar,’” ele diz. Powell não está no Raya, e ele diz que a única pessoa com quem ele tem dividido a cama é seu cachorro adotado, Brisket. 

 

Quando eu menciono para o pai de Powell que não pode ser tão difícil assim para Glen Powell conseguir um encontro, ele não é cego para a ironia. “Ele vem de um ângulo diferente, uma experiência diferente na vida,” diz Powell Sr., rindo. “Vai acontecer, com certeza, mas é uma coisa difícil de ver da perspectiva dele. É difícil [para ele] saber o que é real e o que não é.” 

 

É claro, falando com Powell, que ele não é apenas um estudante do gênero das comédias românticas. Ele também pensa na procura pelo amor como um assunto sério e que vale a pena. “Tem esse estudo no qual eles falam sobre a diferença de relacionamentos de pilar e cume. Relacionamentos de pilar são nos quais você se casa cedo e vocês crescem juntos, então o relacionamento é o pilar disso. Então, existem os relacionamentos de cume, nos quais vocês se tornam duas pessoas fortes e independentes, e o casamento é o cume,” ele me conta. “Eles estavam falando sobre o que é mais viável em termos de longevidade. E a verdade é que não há diferença, certo? O amor é imprevisível e você não sabe o que vai ter uma data de validade e o que não.” 

 

Powell Sr., que é um coach executivo, também se junta na análise de relacionamentos. “Glen sempre, em seus relacionamentos, me pede para fazer alguma análise sobre ele para que ele se entenda melhor e entenda como ele funciona, mas também para quem quer que seja que ele está namorando,” Powell Sr. explica. Os objetivos do ator são “ser honesto com quem ele é, quais são seus pontos fortes, onde os pontos cegos estão.” “Mas nem todo mundo está aberto a isso,” Powell Sr. acrescenta. 

 

Recentemente, Powell foi convidado para uma celebração do Tuskegee Top Gun, em Washington, D.C., onde seus pais moravam quando estavam namorando – e onde seu pai pediu sua mãe em casamento durante seu picnic semanal no Jefferson Memorial. E o evento coincidiu com o aniversário de 40 anos do pedido de casamento. Powell não pôde resistir. Ele os levou junto. Ele serviu de fotógrafo para o momento em que seu pai se ajoelhou de novo. Ele postou sua própria foto, sorrindo com os pais depois que sua mãe disse “sim”. 

 

“É muito divertido ver seus pais sendo românticos,” ele me diz. “Eu sei que isso parece estranho, mas eles são divertidos e muito legais.” Ele diz que seus pais lhe dizem que a chave para um relacionamento duradouro, ter certeza de que estão aproveitando um ao outro, encontrar o humor mesmo nas coisas sombrias. “Se eu pudesse ter o que meus pais tem, eu ficaria muito, muito feliz.”

Fonte.

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