ROLLING STONE (21.12.2023) – Quando Glen Powell assinou para estrelar “Anyone But You” com Sydney Sweeney, ele estava mais do que pronto para preencher as clássicas histórias de comédias românticas: algumas cenas quentes de amor, alguns diálogos engraçadinhos quase bregas, e, é claro, muitas cenas sem camisa na praia. Então, imagine sua surpresa quando ele se viu pendurado de um helicóptero quebrado voando por cima de águas infestadas por tubarões enquanto filmava no Sydney Harbour, na Austrália. “O helicóptero tinha problemas mecânicos sérios. Se nós caíssemos, seríamos história. Não ia sobrar nada de nós,” Powell contou à Rolling Stone. “Eu não sobrevivi a “Top Gun: Maverick” para morrer em uma rom-com.”
Com sorte, eles sobreviveram ao passeio de helicóptero, e o resto das filmagens na Austrália foi bem pitoresco. “Foi tipo umas férias sem fim,” Powell diz, creditando Sweeney, que também foi uma produtora executiva do filme, com a criação de um ambiente familiar no set.
No filme, eles interpretam dois adultos na casa dos vinte anos que estão brigados depois de seu primeiro (e último) encontro dar errado. Quando eles, mais tarde, se encontram no mesmo casamento na Austrália, eles decidem fingir um relacionamento para conseguir que seus entes queridos os deixem em paz. A química inegável vende a causa, e eles enganam seus amigos e famílias com sucesso, fazendo-os pensar que estão apaixonados.
Essa mesma química, no entanto, fez com que Powell e Sweeney se tornassem o objeto de rumores de um relacionamento na vida real, depois que fotos dos dois se tornaram virais. Os dois mantém que eles não são um casal (Sweeney está noiva do produtor Jonathan Davino, e Powell está solteiro), mas isso não impediu que a internet fizesse o que faz de melhor: pegar uma história e seguir com ela. “Eu nunca passei por nada como isso antes. Essa vida e esse trabalho tinham sido muito simples até esse ponto,” Powell diz. “Mas, até você estar do outro lado, ninguém pode realmente descrever como você se sente.”
Antes do lançamento do filme no dia 22 de dezembro, a Rolling Stone falou com o sempre charmoso Powell sobre tudo, desde retornar às suas raízes na comédia romântica até o melhor conselho que ele recebeu de Tom Cruise sobre aprender a bloquear o barulho e o quanto ele deseja uma tequila e costelinha depois de todas as suas cenas sem camisa.
Como você se envolveu com “Anyone But You”?
Eu fui ao MTV Movie Awards no ano em que “Top Gun” foi lançado e entreguei um prêmio de Melhor Luta à Sydney por “Euphoria”. Nós literalmente nem conversamos. Eu apenas entreguei a ela a pipoca, deixei que ela fizesse seu discurso e depois saí do palco com ela. Alguns meses depois, recebi uma ligação dizendo, “Ei, Sydney está fazendo essa comédia romântica. Você gostaria de fazer uma chamada no Zoom com ela sobre isso?” Então, Sydney e eu conversamos e nos demos muito bem. Ficou muito claro, para mim, desde o começo, que Sydney é uma chefe. Quando conseguimos [o diretor] Will Gluck (“Easy A”, “Friends With Benefits”) para o filme, nós três começamos a levar o filme para todos os estúdios, e, surpreendentemente, acabou se tornando uma guerra de uma forma muito boa. A Sony chegou e disse, “Queremos fazer isso um grande evento cinematográfico”, então ficou a cargo de nós três e Ilana Wolpert, a roteirista, que é incrível, para transformar esse roteiro em algo que fizesse com que as pessoas saíssem de suas casas e fossem ao cinema.
Você se tornou um favorito das comédias românticas depois do filme da Netflix, em 2018, “Set It Up”, que conseguiu um grande público. Como foi trabalhar nesse filme, comparado àquela experiência?
Nós não fizemos “Set It Up” por muito dinheiro. A Netflix não prestou muita atenção a ele enquanto estávamos fazendo. Nós meio que fizemos ele de forma particular. E quando saiu, o filme fez números gigantes na plataforma, e todo mundo ficou tipo, “Esse filme é muito melhor do que deveria ser.” “Set It Up” mudou minha vida de várias formas. A diferença é que eu não senti nenhuma pressão fazendo “Set It Up”. Parecia que estávamos fazendo um filme com um monte de amigos. “Anyone But You” foi diferente porque o estúdio estava investindo em algo cinematográfico, então o parâmetro de sucesso ou decepção era diferente.
Também, enquanto estávamos mudando o paraquedas durante a queda com “Anyone But You”, porque estávamos mudando as coisas na hora – era originalmente na Itália, e nós mudamos para a Austrália. Filmes com grandes elencos, poucos funcionam por um motivo. É bem difícil de fazer. Eu não diria que foi mais estressante, mas eu definitivamente senti a pressão.
Filmar nas praias da Austrália deve ter ajudado a aliviar um pouco desse sentimento. O elenco pôde explorar um pouco?
Uma coisa que vou dizer da Sydney é que ela é uma pessoa de atividades, e extremamente Tipo A e organizada. Eu sou um cara de aventuras, mas não sou Tipo A, então sempre estou disposto. Mas a Sydney, assim que dizíamos, “Ei, vamos fazer algo esse fim de semana,” ela montava um itinerário inteiro e dizia, “Nós vamos aqui, aqui e aqui.” Então, esse elenco se deu bem como uma casa pegando fogo. Todo mundo amava todo mundo. Honestamente, eu atribuo a química desse elenco à Sydney porque ela realmente saiu de seu caminho para tornar tudo uma experiência dentro e fora do set.
Você tem uma cena sem camisa bem famosa em “Top Gun” na qual você está jogando futebol, e neste filme, você tem várias cenas malhando sem camisa na praia. A partir de agora está escrito no seu contrato que você tem que ter uma cena sem camisa em todos os filmes?
Não, definitivamente não. A partir de agora, eu vou ter algo que diz, “Por favor, nenhuma cena sem camisa na praia.” Olha, eu sou um garoto do Texas alimentado com milho. Eu tenho que realmente trabalhar pra isso. Eu sempre estou disposto a tirar a camisa, mas para tirar a camisa todo dia, você fica tipo, “Quando posso apenas comer costelinhas e tequila?” Não é divertido. Então, de qualquer forma, estou feliz que fizemos isso. Atingi o nível máximo de nudez nesse filme. Tirei tudo. Dei a audiência todos os dólares.
Emma Stone e Nathan Fielder fizeram uma paródia da intro que você filmou com Sweeney para o trailer. Como você se sentiu sendo trolado por eles de um jeito tão épico e hilário?
É tão difícil conseguir que as pessoas prestem atenção a qualquer coisa. Então, Emma e Nathan nos deram um grande presente. Eu literalmente não podia acreditar. Quando aquilo apareceu, eu fiquei tipo, “Ai meu Deus, muito obrigada. Vocês são os melhores.” Então, ser trolado por aqueles dois foi como um sonho se tornando realidade. Uma grande honra. E quer saber? Quando momentos assim acontecem, é quando digo, “Ah, a internet é muito divertida.” A internet pode ser um lugar horrível, negativo, maldoso, mas então quando esses momentos acontecem, “Ah, isso é divertido.”
Falando da internet, você e Sweeney se tornaram o objeto de alguns tabloides ruins. Foi difícil lidar com isso enquanto tentavam terminar e promover o filme?
Quando aquilo começou, me incomodou porque eu nunca tinha lidado com nada assim antes. Eu sou uma pessoa muito privada com todo mundo que me conhece. Eu realmente amo minha privacidade. Agora que estou do outro lado de tudo, eu tenho um senso melhor de apenas não ligar. Logo antes de “Top Gun” estrear, Tom Cruise me deu um conselho: “Quando as coisas estourarem, as coisas vão ficar loucas. Você não vai mudar. Você será a mesma pessoa. As coisas ao seu redor serão muito, muito altas e caóticas. Depende de você determinar quão alto esse volume será. Você pode aumentar, e você pode diminuir. Mas é tudo apenas barulho.”
No final do dia, o ciclo de notícias vai rodar para algo diferente. Tem sido um ano de experiências novas, mas eu vou dizer que sinto que estou mais preparado para o futuro do outro lado disso porque, no final do dia, é tudo educação, é tudo uma nova e divertida fase da vida.
Além de “Anyone But You”, você também está se juntando novamente com Richard Linklater, com quem você trabalhou em “Everybody Wants Some!!”, para o filme “Hit Man”, que vocês escreveram juntos. Como foi trabalhar com ele novamente?
Este foi o nosso bebê da Covid, não foi como se começamos tentando fazer um filme. Mas qualquer conversa com Richard Linklater vai se tornar algo profundo, eu percebi. Eu lhe mandei um artigo da Texas Monthly sobre esse cara que trabalha para o Departamento de Polícia de Nova Orleans como basicamente um ator, marcando encontros em operações disfarçadas em casos de assassinato por aluguel. Rick e eu estávamos falando sobre isso, e encontramos um elemento que achamos que valia a pena explorar. Se tornou uma peça muito boa de personagem e exploração de identidade e paixão, e foi muito divertido. Esse filme é como se o meu cérebro e o cérebro dele tivessem se unido. Eu acho que utiliza o que o faz ser especial como diretor ao máximo. Então, estou muito animado para as pessoas assistirem. É incrível.
Nós recentemente conversamos com seu colega de elenco de “Everybody Wants Some!!” Wyatt Rusell, e ele disse que o elenco ainda tem um grupo onde eles te zoam sobre suas fotos sem camisa.
Constantemente, sim. Eu acho que agora, a foto de perfil do grupo é a foto da minha bunda para a Men’s Health. Olha, nós todos nos zuamos. Mas eu definitivamente lhes dei mais munição do que acho, qualquer outro cara no grupo. Eu definitivamente estou levando mais golpes do que qualquer um no grupo. É por isso que não posso ficar sem camisa em outro filme por um tempo. As conversas no grupo estão finalmente me atingindo.
Entre “Set It Up”, “Top Gun”, “Anyone But You”, e o ano de filmes que você tem para vir, o seu poder de estrela está apenas aumentando. Você sentiu alguma mudança na sua vida?
Eu sempre acreditei que você deveria apenas continuar vivendo sua vida, então nunca realmente percebi nada. Eu acho que esse é o primeiro ano que senti uma diferença entre o tipo de pessoas que são fãs, até para a minha família. Eu sou muito próximo da minha família. Eu mantenho minha família perto de mim, e tendo a colocá-los para a frente. Eu percebi que nem todo mundo é um bom tipo de fã, e nem todo mundo tem seu melhor interesse em mente. Isso apenas me fez um pouco mais consciente e protetor das pessoas ao meu redor que amo.
Mas a minha coisa favorita que está acontecendo agora, acho que porque eu já fiz tantas caixas e gêneros diferentes, eu consigo adivinhar sobre qual papel alguém está se aproximando de mim baseado em sua energia e sua idade. É muito divertido. Meu favorito, no entanto, é um que sempre me pega, é quando estava passando por uma obra e um cara disse, “Ei, cara, você se importa de eu te fazer uma pergunta?” E eu fiquei tipo, “Ah, vai ser “Top Gun””. E ele disse, “Você estava em “Scream Queens”?” Foi hilário. Também, o número de atletas profissionais, os maiores e mais assustadores homens que você já viu, são todos fãs de “Scream Queens”. Isso me surpreende todas as vezes.
Última pergunta: em “Anyone But You” você tem o que é chamado de “canção da serenidade”. Sem dar spoiler da música do filme, qual é sua “canção da serenidade” da vida real?
Fácil. Enrique Iglesias, “Hero”.
Eu não pensava nessa música há tempos.
Bem, eu penso nela todo dia de manhã.