O artigo “Hit Man” de Outubro de 2001 da Texas Monthly encontrou um fã imediato no roteirista-diretor Richard Linklater, cativado pela história de Gary Johnson, um suposto assassino de aluguel em Houston que estava, na verdade, trabalhando com a polícia. O brilhante artigo escrito por Skip Hollandsworth retrata um homem que era um mestre do disfarce e criar personagens para convencer seus clientes que ele era um assassino de aluguel a sangue frio. “Eu amo esse personagem, mas não estava convencido do filme,” Linklater, um nativo do Texas, disse à Vanity Fair. “Nós temos um ótimo personagem, ótimos incidentes, ótimos momentos, todos estes personafens incríveis, mas eu não sabia se isso iria a algum lugar.”
Linklater, que previamente adaptou outro artigo de Hollandsworth para sua comédia de humor negro de 2011, Bernie, estrelando Jack Black, amou as situações estranhas e engraçadas que Johnson se metia, mas ele nunca conseguia encontrar um terceiro ato para a história. “Eu tinha reuniões sobre isso ao longo dos anos e tudo mais, mas nunca ia para algum lugar,” ele diz. “Isso apenas não era coerente como uma história.”
Então, durante o começo da pandemia, seu amigo e estrela de Everybody Wants Some!! , Glen Powell, perguntou se ele já ouviu falar da história da Texas Monthly, “Hit Man”. Eles começaram a trocar ideias e tiveram sua epifania: A história poderia ir em uma direção nova e fictícia baseada em um pequeno momento no final do artigo. Finalmente, eles tinham seu terceiro ato, e construíram um filme inovador que é as vezes noir, comédiam romance e suspense. E com um personagem complicado no centro para Powell se aprofundar como protagonista, Hit Man também explora temas mais profundos. “Parecia que era tudo uma questão de identidade”, diz Linklater sobre Hit Man, que estreará no Festival Internacional de Cinema de Veneza em 4 de setembro. “Ele está interpretando esses personagens, ele está disfarçado. Quem é ele?”
“Nos círculos policiais, ele é considerado um dos melhores atores de sua geração, tão talentoso que consegue atuar em qualquer palco com qualquer tipo de roteiro,” Hollandsworth escreve em seu artigo. Ele descreve Johnson como um camaleão que é capaz de mudar seus personagens baseados no tipo de cliente que ele está encontrando. O esquema era simples: Johnson encontraria com um cliente em potencial e conseguiria que o cliente confirmasse verbalmente que ele estava contratando Johnson para matar alguém. Toda a conversa seria gravada e usada como evidencia. Depois que Johnson deixasse a reunião, o cliente seria preso.
Para Powell, que co-escreveu o roteiro com Linklater, a comédia de humor negro, que se passa em Nova Orleans, foi uma oportunidade de interpretar um personagem que estava constantemente interpretando um personagem. Às vezes “havia uma linha tênue entre Gary e Ron, que aumentava com o tempo,” disse Linklater.
No filme, “Ron”, é uma das personas de Johnson que ele usa quando vai se encontrar com um cliente em potencial. Ele é Ron quando conhece uma linda mulher (Adria Arjona) que quer seu marido controlador morto. Mas Gary sente compaixão por ela e a aconselha a deixá-lo em vez de matá-lo. A partir daí, Gary – ainda fingindo ser Ron – é levado a uma falcatrua complicada quando ele continua interagindo com a mulher e suas vidas ficam cada vez mais entrelaçadas.
Ron, um homem carismático e confiante com um lado obscuro, não poderia ser mais diferente de Gary, um professor gentil na vida real, quando ele não está trabalhando como um assassino de sangue frio. “Glen, o profissional completo que é, estava lendo livros sobre linguagem corporal e achou que Ron andaria um pouco diferente de Gary, e também se divertiu muito com os sotaques”, diz Linklater. “Todo filme precisa de algo que seja um pouco difícil de realizar ou algo que pareça especialmente desafiador.”
Como pesquisa, Linklater e Powell escutaram gravações das operações policiais de Johnson, conhecendo um elenco de personagens inacreditáveis que pareciam estranhos demais para serem reais – e perfeitos para o filme. “Nós poderíamos ter feito muito mais desses,” diz Linklater sobre capturar a ampla gama de clientes que esperam acertar. “Há um filme alternativo que mostra todas estas pessoas naquele momento. Essas senhoras ricas da sociedade, com seus lindos vestidos, sentadas em um belo quarto de hotel falando sobre matar seus maridos ricos de quem estão cansadas.”
Linklater achou as conversas fascinantes porque os clientes estavam tendo estas discussões de vida-e-morte “de maneira tão natural,” ele diz. “É quase como se todos tivessem atuando em seus próprios pequenos filmes policiais onde alguém está trabalhando repentinamente com a máfia. Achei tudo tão sombrio e engraçado da maneira mais estranha.”
Linklater também conseguiu falar com Johnson no telefone enquanto trabalhava no roteiro. Por ser um assassino disfarçado, ele era surpreendentemente conhecido, participando de processos judiciais e aparecendo em reportagens. “Eram como dois mundos diferentes,” explica Linklater. “As pessoas que estão cometendo os assassinatos não estão lendo o jornal.”
Linklater descreve Johnson como “o cara mais tranquilo que se possa imaginar” que não teve problemas com sua história sendo contada em um filme. “Ele era simplesmente o cara mais perplexo”, diz ele. “Conversávamos sobre beisebol ou algo assim, mas na verdade ele era um homem de poucas palavras.”
Quando Linklater estava prestes a começar filmar o filme, ele tentou entrar em contato mais uma vez com Johnson para lhe contar que finalmente estava acontecendo. Mas, quando ele não conseguiu falar com ele, ele descobriu por Hollandsworth que ele havia falecido.
Mas a história de Johnson continua viva, mesmo que como ficção. Com Hit Man, Linklater é capaz de ir além de um dispositivo de enquadramento peculiar para observar como um indivíduo se perde nas inúmeras personalidades que assume, e pode ser capaz de mudar para melhor por causa disso. “Quanto conseguimos mudar? Você pode mudar? Somos fixos como pessoas?” diz Linklater. “Às vezes, senti que mudei muito. Ninguém parece notar… Mas acho que você meio que pode mudar. Você pode ser melhor. Vale a pena tentar pelo menos.”
Hit Man irá estrear no Venice International Film Festival no dia 04 de Setembro e no Toronto Film Festival no dia 11 de Setembro. O longa está atualmente buscando um distribuidor nos Estados Unidos.
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